7 de maio de 2011

Os pais pós-modernos


Comunicação aberta e direta. Para os pais pós-modernos a amizade é tão importante quanto o papel de educar. Relações mais transparentes tornam ambos os lados aprendizes confessos e sem a culpa do erro.
Não foram os filhos que mudaram, são os pais que evoluíram. Na foto acima de Deyver Dias, Lucibel e Andressa seguem esse novo diálogo e ilustram nossa edição especial de Dia das Mães.



Aprendi com minha filha


Por Bruno Zanini Kairalla
twitter.com/bzkairalla
bruno.kairalla@gmail.com
Fotos: Deyver Dias
www.deyverdias.com
Toda menina brinca de ser mulher. A imaginação refletida no espelho remete a sua mãe. Toda filha, menina, mulher, um dia será mãe. Só não será se não quiser. Mesmo assim, os instintos maternais prevalecem no carinho do contato em que elas dedicam a uma planta, um animal ou em todos que necessitem de seu vigor.

Hoje é dia de esquecer as recentes exceções, e todas as atrocidades cometidas por elas. É dia de honrar quem domina o talento da condução, que combina bem com proteção, admiração, aceitação e companheirismo. Aquelas que possuem a plena capacidade de escutar o silêncio, adivinhar e corresponder sentimentos. Esqueça, por mais que você procure jamais encontrará um amor tão honesto e desimpedido.

Os tempos mudaram, é verdade. Filhos e pais também. A pedagogia aconselha que a educação ocorra sem rodeios e que o tratamento seja de igual para igual. Crianças hoje expressam em qualquer idade o que querem como querem. 


Filhos mais sóbrios na postura, adultos na forma de vestir, de comunicar e absorver o mundo. Até pelo universo de informações que recebem, as ‘crias’ de hoje não só aprendem como também ensinam e educam os seus pais. Não se trata de uma inversão dos papéis, mas de uma comunicação mais clara e um discurso mais direito, recíproco e acessível.

Os pais evoluíram, assim como seus filhos. A diferença entre os antigos e pós-modernos é que estes últimos aprenderam a ouvir. Não deixaram de estabelecer limites, como crêem muitos, mas trocaram a isolada imposição pela condição. A só bem quista razão por mais emoção. O que contribuiu para isto segundo os especialistas? 


- Os pais não mudaram. O que evoluiu foi o diálogo e a compreensão da realidade na educação dos filhos, o que garantiu tornar a projeção entre eles mais próxima e recíproca, antes uma via única. 


Foto: Google Imagens


- A questão não é só o que os pais querem ou esperam dos filhos, mas o que seus filhos podem retirar deles enquanto pais. O espaço ocupado por ambas as partes está mais conivente e equilibrado - observa a psicóloga e especialista em educação lúdica, Miriam Corrêa Dias.

- A educação que procuro dar é a de uma relação aberta, mas com respeito. Temos que estar preparadas para o diálogo, pois tudo chega mais rápido. Converso com eles, explicando coisas que considero importantes para o desenvolvimento deles, mas também tem momentos em que eu paro e penso: - Pô, eles devem estar me achando uma chata agora. Aí eu me controlo - pondera a professora de dança Daniela Castro, mãe de Lorenzo e Manuela.

Fotos: Arquivo pessoal/Divulgação

- Os pais sofriam por saber que também erravam. Hoje, isto já não causa tanto transtorno, pois também aprenderam a admitir a sua insegurança diante dos acontecimentos e a conviver com erros e acertos, o que permitiu uma maior abertura. Hoje, depois de serem pais, eles também se importam em serem mais amigos de seus filhos - declara à psicóloga, mãe de dois meninos adolescentes. 


Entretanto, Miriam alerta para um velho e importante conceito desta relação. 
- É a perda do limite que geralmente alimentam e se encontram os conflitos. A pergunta não é quem tem mais poder para seguir adiante, mas quem tem mais razão - defende a especialista.

- Sou do tempo em que a gente descobria as coisas com as amigas. Isso eu tento ser diferente com eles, pois penso que é realmente importante conversar com os filhos passando segurança para que eles confiem na gente - assegura Daniela.

Foto: Arquivo pessoal/Divulgação

A professora de dança também lida com uma situação engraçada no dia a dia: ela é mestre de sua mãe, Maria Isabel (em destaque acima), aluna do grupo de dança livre Baila Cassino

- Ali nós trocamos os papéis em certos momentos, pois ela muitas vezes se comporta como uma menina com suas colegas e eu preciso ser firme ao chamar sua atenção. Chega a ser engraçado até quando eu preciso dar um basta. Sinto-me estranha, mas ela acaba cedendo mesmo reclamando - discorre Dani.

A bonequinha agora fala


- Fiquei surpresa ao ver que ela presta atenção nos mínimos detalhes -, comenta Lucibel Brum Moraes, 29 anos, mãe da pequena Andressa, ao observar a filha desempenhando o seu papel ao cuidar na imaginação da boneca enferma. - Ela cuida dela com os mesmos cuidados que tenho com ela - acrescenta.

Além de esperta, aos sete anos, a menina apresenta personalidade forte, é curiosa, acanhada na frente de estranhos, mas quando se sente a vontade dá palpite em tudo. 

- Ela fala se estou bem quando me arrumo, que roupa é melhor, ajuda minhas clientes, sabe criticar, fala daquilo que não gosta e chama a atenção se vê algo de errado. Ela é muito ligada, rápida nas ideias - garante a mãe.

Foto: Arquivo pessoal/Divulgação

A empresária da área de vestuário, conta que em diversas situações já se sentiu como se ela fosse filha da própria filha. 

- Principalmente quando ela chama minha atenção para as coisas em que fico desligada num momento, como não desperdiçar água, por exemplo. Quando ela está de férias, viaja comigo e me ajuda a escolher as roupas da nova coleção; na loja ajuda os clientes na hora de escolher as roupas, faz propaganda na escola. 
- Quem sabe futuramente se interesse pelos negócios e não abra filiais? - torce a mãe coruja, que ainda completa: - Com ela também já aprendi a mexer no computador, no celular. Ela também me conta tudo dos seus namorados. Acima de tudo somos amigas - reforça Lucibel.

O principal ganho desta relação? - Na minha época, eu não podia me expressar. Hoje tento dar uma educação com um diálogo mais aberto. Desde o momento em que ela nasceu aprendi a valorizar cada momento em que passamos juntas - finaliza.

2 comentários:

  1. Matéria nota dez,é isso que se chama modernidade os pais aprendendo com os filhos!!!!!!!!

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